segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Canto Lírico - Lírico-Spinto

Hoje falarei um pouco a respeito da voz de Soprano Lírico-Spinto:
Soprano lírico-spinto é o tipo de voz lírica caracterizada pela capacidade de se fazer spinto (do italiano spingere, "empurrar"). Possui cor e peso vocais para cantar passagens dramáticas sem desgaste, não-obstante não tenha as características típicas da soprano dramático, e é associada normalmente ao tenor lírico-spinto. O termo define, essencialmente, a soprano lírica que canta com mais potência nos clímax dramáticos.

Características

Uma vez que as classificações vocais não são consensuais, muitos autores utilizam a categoria de soprano lírico-dramático como idêntica à de lírico-spinto. No entanto, outros chegam a utilizar os termos soprano lírico-spinto e soprano spinto em gradação, com o primeiro referindo-se à voz lírica capaz de cantar obras que exigem tanto lirismo quanto poder vocal, e o segundo a voz de quem se requer maior poder e dramaticidade aliada à capacidade de cantar em tessituras altas. Contudo, em geral, a expressão soprano spinto é tida como abreviação da anterior. Por fim, há ainda quem considere a a qualidade de spinto um atributo de certas sopranos dramáticos caracterizado pelo squillo e pelos agudos brilhantes e potentes.
Essa soprano possui geralmente algo do veludo e da doçura da lírica, mas sua voz é mais encorpada e densa, recorrendo com frequência ao squillo para ultrapassar passagens de orquestração pesada e manter a potência em tessituras agudas. O tom do timbre é normalmente mais escuro e dotado de mais metal, com riqueza de harmônicos e habilidade nas mudanças de dinâmica. Isso as torna ideais para papéis líricos mais expressivos, como heroínas e personagens elegíacos.
Papéis lírico-spinto têm destaque sobretudo no romantismo e no verismo italianos. Com o amadurecimento da voz, algumas sopranos podem interpretar alguns papéis de soprano dramático, e muitas delas chegam ao repertório spinto após desenvolverem uma carreira inicial como soprano lírico. Contudo, por ser relativamente raro, os papéis escritos para tal tipo de voz são frequentemente interpretados por sopranos de outras categorias, o que levou à ruína vozes de muitas sopranos líricas. Sua tessitura aproximada é do Dó3 ao Ré5.

Registros

Registro agudo

Mais vigoroso e amplo que o da soprano lírico e dotado de cor clara e brilhante, marcado amiúde pelo squillo, isto é, a ressonância vibrante das notas agudas para fazer frente à orquestra e adquirir maior projeção vocal.

Registro central

Comparado ao da soprano lírico, é vigoroso, potente e expressivo, com tom geralmente mais redondo e levemente metálico, mas ainda claro e aveludado. Tais características propiciam habilidade em conferir uma forte carga dramática no canto e cantar sustentadamente em linhas vocais com orquestra pesada.

Registro grave

É extenso e forte, menos igualado com os outros registros. Frequentemente as sopranos lírico-spinto, assim como sopranos dramáticos, recorrem aos graves emitidos com voz de peito como recurso dramático.

Coloratura

Algumas sopranos com características típicas de lírico-spinto têm agilidade e extensão suficientes para cantar com sucesso determinados papéis de coloratura. Geralmente esses sopranos alternam seus papéis líricos e lírico-spintos com papéis de coloratura, seja aqueles também lírico-spinto mas que exigem ornamentos (Leonora de Il Trovatore ou Luisa Miller da ópera homônima de Verdi) ou os compostos para sopranos dramático-coloratura. Sua tessitura aguda pode chegar a um Mib5 até um Fá5.

Papéis para soprano lírico-spinto:

  • Tosca, da ópera homônima de Giacomo Puccini;
  • Manon Lescaut, da homônima ópera de Giacomo Puccini;
  • Madalena, em Andréa Chenier, de Umberto Giordano;
  • Elisabetta di Valois, em Don Carlo, de Giuseppe Verdi;
  • Amélia, em Un Ballo in Maschera, de Giuseppe Verdi;
  • Jenufa, da homônima ópera de Leos Janacék;
  • Elisabeth, em Tannhäuser, de Richard Wagner;
  • Thais, da ópera homônima de Jules Massenet;
  • Adriana Lecouvreur, da homônima ópera de Francesco Cilea;
  • Joana de Flandres, da homônima ópera de Carlos Gomes;
  • Lisa, em A Dama de Espadas, de Piotr Illich Tchaikovsky.
Papéis que requerem coloratura:

  • Leonora, em Il Trovatore, de Giuseppe Verdi;
  • Elena, em Il Vespri Siciliani de Giuseppe Verdi;
  • Leda, em La Batalha de Legnano, de Giuseppe Verdi;
  • Hélène, em Jerusalém, de Giuseppe Verdi;
  • Fiordiligi, em Così fan Tutte, de Wolfgang Amadeus Mozart.
Suas representantes mais famosas:

  • Antonietta Stella;
  • Aprile Millo;
  • Claudia Muzio;
  • Fiorenza Cedolins;
  • Constantina Araújo;
  • Tarja Turunen;
  • Eliane Coelho;
  • Galina Gorchakova;
  • Ida Miccolis;
  • Karita Mattila;
  • Mirna Rubim;
  • Raina Kabaivanska;
  • Sondra Radvanovsky;
  • Sarah Brightman;
  • Renata Tebaldi.
Segue abaixo, conforme o costume três links de vídeos para apreciação. O primeiro de Aprile Millo interpretando "La Mamma Morta" da óprea "Andrea Chénier" de Umberto Giordano. O segundo de Sarah Brightman interpretando "Think of me" do musical "O Fantasma  Ópera" de  Andrew Lloyd Webber. E o terceiro de Renata Tebaldi interpretando "Si, mi chiamano Mimi" da ópera "La Boheme" de Puccini.




Nenhum comentário:

Postar um comentário